Domingo, o pior dia da semana, nunca tenho o que fazer. Costumo ficar em casa na
frente do computador por horas, ou começo a ler um livro, e quando tenho
companhia vou ao cinema, mas hoje foi diferente. Eu estava indisposta, e ninguém
me ligou, fiquei jogada no sofá procurando alguma coisa para assistir na
televisão. Passei pelos mesmos canais três vezes com a esperança de achar algo
bom, e tudo o que restou foram os clássicos programas de domingo, aqueles
ridículos de auditório, sabe? Deixei na Globo e passei alguns minutos assistindo
aquela baixaria.
“Domingão do Faustão” nada contra o nome, só acho um pouco exagerado. Estava
passando um quadro cujo o nome envolve as palavras trinta segundos, acho, não me
lembro muito bem. É bem simples, o apresentador chama um convidado desconhecido
para mostrar suas habilidades e talentos em trinta segundos, “todo o mundo” já
deve ter assistido. O que me espanta é o nível do apresentador, ele é
artificial, faz elogios, irônicos claro, aos “artistas” e ainda ri da cara
deles, o que na minha visão acaba com a auto-estima de qualquer um.
O que me deixa mais boquiaberta é saber que esses convidados desconhecidos
presentes no palco são selecionados no meio de muitos, e a maioria deles vai lá
só para aparecer, fazer seu papel de palhaço, e tentar ganhar um dinheiro por
isso. Esse não é o jeito mais digno de se ganhar dinheiro, mas parece que
dignidade não é uma coisa valorizada atualmente, então vale tudo.
Mas quem sou eu para julgar alguém. A realidade é que todos nós adoramos debochar
da vida alheia. Eu acho errado o modo que o apresentador trata o convidado, mas
rio muito dos movimentos forçados das dançarinas daquele programa.